terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Um ano de muitas aventuras e descobertas

Quando eu escrevi a mensagem de final de ano, neste mesmo dia do ano passado, eu dizia que 2012 tinha sido um ano ótimo e que eu desejava apenas que 2013 fosse uma reedição de todas as alegrias, aventuras e descobertas do ano anterior, em cenários diferentes. Dito e feito, assim transcorreu 2013, que se encerra hoje.

Começamos o ano realizando um sonho antigo: fotografar a tradicional festa de São Gonçalo, na zona rural de Petrolina. Debaixo de muito calor, muita poeira, muta música e muita comida, fizemos ótimas fotos ao longo do dia e vários de nós ainda aproveitaram para arrastar o pé em homenagem ao santo.

Depois fizemos uma série de viagens, começando com Canudos em março, depois Curaçá em abril e São José do Belmonte em maio. Canudos foi aventura pura, cheia de ruínas e na companhia do onipresente Antônio Conselheiro. Nossas pizzas entraram para a história e ainda tivemos trilhas espetaculares em locais de imensa beleza. A adrenalina ficou por conta de ônibus atolado de noite no meio do mato e longe de tudo, e princípio de incêndio em local ermo. Mas tudo foi absorvido com grande alegria e as histórias, que entraram para o nosso folclore, serão contadas ainda por muito tempo.

A viagem para Curaçá começou e terminou no mesmo dia, mas foi muitíssimo bem aproveitada: exploramos a cidade pacata com a sua bela arquitetura, fomos à Ilha da Coroa e tivemos um excelente almoço de confraternização. Participar, finalmente, da Cavalgada à Pedra do Reino, em São José do Belmonte em maio foi a realização de um outro sonho. Começamos com os ruidosos bacamarteiros no centro da cidade, fomos para a Cavalhada, conhecemos o Castelo Encantado e tivemos muita, mas muita aventura mesmo, com a famosa Cavalgada: enquanto uma pequena parte fazia um trajeto alternativo na caçamba de uma 4x4, a maior parte do grupo comeu poeira da boa e chacoalhou um bocado nas caçambas das várias pickups que acompanhavam o cortejo dos cavaleiros mata adentro. Horas depois nos encontramos na Pedra do Reino, mas a aparência dos companheiros recém-chegados era absolutamente assustadora. A compensação, é claro, veio na forma de ótimas fotos.

O primeiro semestre terminou, em junho, com um grupo grupo que decidiu se arriscar e fotografar uma festa tradicional, o Forró da Espora, em local diferente do usual. Como tudo para nós é sempre pretexto para boas fotos e muita diversão, dessa vez também não foi diferente.

O segundo semestre exigiu muita disposição e energia para conhecer locais próximos e de grande relevância para o nosso projeto. Colocamos o pé na estrada e não tiramos mais! Em agosto passamos um final de semana em Belém de São Francisco e Floresta, onde fomos à feira, apreciamos a arquitetura histórica e até no cemitério nos enfiamos. Setembro foi a vez de conhecer a Rota das Missões em Orocó. Lá navegamos com muita emoção entre as corredeiras e as pedras do rio, aportamos nas ilhas e conhecemos as ruínas desse período histórico. Escalamos o morro do mirante, uma verdadeira conquista para vários do nosso grupo, e ainda tivemos a companhia do prefeito, que nos levou para conhecer as obras da transposição e gentilmente nos levou para almoçar.

Outubro foi o mês da Serenata da Recordação em Santa Maria da Boa Vista, uma linda e romântica festa que conta com a participação da cidade inteira na beira do rio. Fonte de inspiração para as nossas lentes, nos sentimos privilegiados ao fotografar acompanhados da melhor música, executado por músicos de grande competência em ambiente de poesia pura. Foi uma jornada puxada, com a duração de uma noite e uma madrugada, mas que noite e que madrugada!

Depois de tanta movimentação, quem diria que ainda haveria fôlego para uma esticada até Paulo Afonso? Pois foi exatamente isso que aconteceu, e não faltou energia nem mesmo para escalar as trilhas, as tocas e os buracos da Serra do Umbuzeiro. Mas nem tudo foi dureza: tivemos as visitas nas usinas hidroelétricas, banho nas águas geladas do canyon do São Francisco e até jazz na praça central da cidade!

Para terminar o ano, mais uma empreitada ousada, dessa vez um acampamento (como já é tradicional nessa época do ano) no Morro da Bandeira, em Casanova. Com muita preparação e muita logística, um grupo pré-jornada precisou fazer até uma incursão prévia para localizar o barqueiro e inspecionar as condições do local. Mas o resultado foi fantástico e pudemos conhecer um local de imensa beleza, totalmente isolado do contato humano, durante um final de semana.

A jornada de 2013 foi longa, mas ao mesmo tempo parece que transcorreu em segundos. Sou capaz de fechar os olhos e me ver de novo em cada um desses locais, revivendo cada uma das sensações e emoções, rodeado pelos amigos novos e antigos, em cada situação.

Foi um ano maravilhoso, com uma importante produção visual. Mas, em se tratado de Jornadas Fotográficas, todos sabem que não ficamos apenas por aí. Conhecemos e usufruimos da companhia da querida Cristina Cenciarelli, que deixou saudades em todos por aqui. Fizemos duas exposições, primeiramente a exposição "Sertão e Qualidade de Vida" no I Encontro Nordestino de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde", na UNIVASF Juazeiro, e depois a exposição comemorativa do nosso terceiro aniversário "Importa pra você?" na UNIVASf Petrolina, no SESC, na Galeria Eco Center e também no aeroporto. Conseguimos patrocínios importantes e com eles pudemos finalmente construir os nossos próprios expositores. Tivemos depoimentos escritos muito legais dos jornadeiros José Carlos, Suzana Leal, Joana Pereira, Júnnia, Ana Beatriz e Luciana Cajado, os quais geraram grande repercussão. Claro que também tivemos as nossas festas! A de terceiro aniversário, na sede da Sociedade 21 de Setembro, colocou o brega em evidência e transformou os jornadeiros em personagens hilários e quase irreconhecíveis. Depois, em dezembro, foi a vez do nosso tradicional amigo secreto, dessa vez na casa da jornadeira Tereza Roberta. De quebra, ainda fomos notícia de uma matéria sobre festas de final de ano no Jornal do Commercio.

Infelizmente perdemos o nosso amigo e "gerente da filial em Salvador", mas até nesse momento o grupo se mostrou solidário, se amparou e prestou a sua homenagem ao querido Cuca. Que ele esteja bem e zelando por nós lá de cima.

Só posso terminar dizendo "muito obrigado" a todos os membros dessa grande família, que não pára de crescer e de se renovar. Obrigado por prestigiarem o projeto, obrigado pela amizade e pelo apoio irrestrito, obrigado por trazer emoção, alegria e beleza para cada segundo de convivência mútua. Obrigado por fazer com que o nome "Jornadas Fotográficas" tenha se tornado sinônimo de amizade, solidariedade, diversão, aventura, descoberta e, acima de tudo, fotografia voltada para a valorização do nosso patrimônio histórico e cultural. Foi uma imensa satisfação compartilhar todos esses momentos, destinos e projetos com vocês. Espero que em 2014 a dose retorne com a mesma força. Um ótimo 2014 para todos nós!!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Retrato falado



Por Luciana Cajado

Tentarei aqui delinear o esboço de um descanso para o olhar: o retrato falado de uma das paisagens mais bonitas do Brasil. Talvez eu não seja tão fiel quanto a imagem real, caberá um pouco de sentimento no todo. Mas farei o possível para ser precisa.  Descobrimos o tal descanso num recanto inusitado do país. Uma ilha? Uma ponta de areia? Um Morro da Bandeira sem bandeira? Um barranco de areia construído com as artimanhas do vento? Proponho que imaginemos juntos: em uma folha de papel em branco, comece o desenho pelas dunas – rabisque muitas, até perder de vista. Coloque bastante areia, branquinha, daquela que reluz e doem as vistas. Pinte um céu azul, tão azul de querer voar e, no meio, um sol que ascende e cada vez mais irradia aquele brilho de quinta grandeza do qual só ele é capaz. As plantas são desnecessárias a princípio, não fazem parte dessa imagem imediata. Depois do deslumbre, quando começarmos a sentir o calor, procuraremos por elas. Atravessando essa folha de papel, corte um imenso rio que arrasta tudo, inclusive o azul do céu e o suor do povo que caminha pelas duras terras do sertão brasileiro. Espalhe pelas areias algumas (ou muitas) conchas miúdas em grupos de cores – lilás, castanhas, negras, brancas –, espalhe também pedras lindas e feias. Para findar, brote do papel restos de plantas que parecem nunca ter existido, senão na forma de galhos secos, retorcidos, como se ali estivessem por obra de uma exposição de artes plásticas a céu aberto. No mais, contemple e respire.

O cenário real é baiano. O rio é o famoso Velho Chico cujas águas represadas criaram diferentes paisagens nessa região do sertão e compõem com as areias imagens exclusivas – as Dunas do Velho Chico, área em que a natureza sertaneja presenteou com grandes formações de areia, plantas escassas (mas, nem por isso, menos belas), animais adaptados ao convívio com este lugar e pouquíssimos habitantes.

Nesse contexto, o grupo das Jornadas Fotográficas do Vale do São Francisco planejou muito mais que ultrapassar o desafio de chegar às Dunas. A ideia era fechar o ano com um acampamento na “ilha” em frente às Dunas. A questão era: como chegar à Ilha? Boa pergunta... As aventuras começaram uma semana antes, quando um pequeno grupo de aventureiros saiu para desbravar a região e descobrir como chegar à segunda margem do rio. Depois de idas e vindas, pneu estourado, atolamentos, dentre outros, chegamos a Adão, o barqueiro que gentilmente aceitou nos acompanhar nesta aventura. Simpático, Adão já deixou acordado nosso encontro do próximo sábado para atravessar todos os jornadeiros que viessem para a viagem. E não éramos poucos: no sábado marcado, partimos de Petrolina, em Pernambuco, em busca de mais aventuras fotográficas e de mais um final de semana de amizade e risos compartilhados.

A travessia para a Ilha (que depois descobrimos não se tratar exatamente de uma ilha, mas de uma ponta de areia) foi tranquila, num barquinho simples e charmoso, seguindo em companhia da simpatia de Adão – que desde o início da tarde já nos esperava à margem. Ao chegar e após uma longa caminhada, instalamos nossas barracas, estacionamos um jet ski que serviria como nosso apoio em caso de urgência e preparamos a fogueira. Alguns já armavam suas câmeras, outros armavam a churrasqueira improvisada entre as pedras, outros armavam os lampiões... E, entre músicas, petiscos, flashes e risos, a noite se instalou com a companhia de estrelas, de um luar de beleza exclusivamente sertaneja e de uma notícia triste. Um celular inacreditavelmente funcionou naquele lugar distante de tudo e Maurício, um de nossos jornadeiros, recebeu a noticia da partida de um companheiro e amigo das Jornadas – Vitorino Cuca. A certeza do carinho que Cuca tinha por esse grupo e de que isso era recíproco, somado ao nosso sentimento de pesar, misturou-se ao momento de confraternização do grupo e resultou em uma homenagem muito bonita: um dos desenhos mais belos que a dor poderia produzir através da luz. A fotografia que o grupo fez para ele naquela ocasião certamente tem Cuca presente. Ele sempre quis estar conosco em uma jornada – e esteve.

A noite seguiu com as cores da madrugada e todas as possíveis descobertas que a brincadeira com a luz conseguiu registrar nas nossas câmeras.

Amanhecemos domingo, curtimos a aurora, fizemos o desjejum em coletivo e, dividindo desde o café até as pamonhas, seguimos a descobrir outros recantos da “ilha”.

Para finalizar, refrescamos o corpo e a alma de molho nas águas do São Francisco.

Partir não foi fácil: o sol imperdoavelmente escaldante, as bagagens pesadas. A caminhada de volta parecia ter triplicado da noite para o dia. Mas chegamos – as costas tostadas, as pernas em frangalhos e as mentes leves. Nos olhos, a certeza do descanso.

No retorno, almoçamos as delícias da cozinha da mãe da Flávia, em Casa Nova (BA), ao som de uma sanfona gostosa e em meio a uma preguiçosa tarde de domingo. Seguimos em viagem e chegamos ao ponto de partida no começo da noite.

Talvez, essa tenha sido a minha última jornada com o grupo. Talvez eles não saibam o tamanho da importância que eles têm para mim. Sinceramente, esses companheiros foram uma das melhores descobertas do ano na minha vida. Achei um tesouro inusitado no sertão e não poderia fechar tudo em 2013 com uma chave mais dourada do que essa viagem às Dunas.

Esse texto é uma tentativa de redesenhar o meu olhar: sobre a última jornada do ano, sobre as Jornadas do Vale do São Francisco, sobre a amizade, sobre o amor, sobre a gratidão, sobre compartilhar momentos, sobre ser humano. Hoje, minha gratidão se reflete em dividir esse olhar com vocês. Guardem-no. É a minha forma de agradecer por poder compartilhar momentos tão doces, simples e fotograficamente belos ao lado desses companheiros de jornadas.

Matéria no JC

O clima de informalidade e descontração do Jornadas Fotográficas foi tema de matéria publicada pelo Jornal do Commercio do Recife neste último dia 15/12 sobre as festas de final de ano. Com foto do encontro realizado em dezembro de 2012, a reportagem traz ainda depoimentos meus e das jornadeiras Lorena Santiago e Flavia Ramos. Para ler, basta clicar na imagem acima e depois salvar no seu computador.

Confraternização 2013

Com a presença de 30 jornadeiros aconteceu, no último 11 de dezembro, a festa de confraternização da Jornadas Fotográficas. Em clima de muita animação na casa da Tereza Roberta, foram sorteados os amigos secretos e distribuídos fotografias e presentes.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

"Importa pra você?" no aeroporto Nilo Coelho

Já está montada, no Aeroporto Internacional Nilo Coelho, a última escala da exposição "Importa pra você?", depois de passar pela biblioteca da UNIVASF, pelo SESC e pela Galeria Eco Center. Situada ao lado do desembarque, ela irá movimentar ainda mais o terminal que reflete o crescimento acelerado da cidade, trazendo os questionamentos das nossas imagens para moradores e visitantes. Na foto acima, eu (Marcus Ramos, esquerda) e Maurício André (amigo e jornadeiro de longa data, direita) após a conclusão da montagem da exposição na manhã de hoje, em tempo para a chegada do primeiro vôo.

"Importa pra você?" na Galeria Eco Center

Entre os dias 26 de novembro e 08 de dezembro a nossa exposição esteve num dos principais centros de comércio da cidade, a Galeria Eco Center. Muito obrigado Dalma Coelho, Aldenice Maciel Pereira, Itamar Maia  e Kel de Souza Eventos por todo o apoio.

Convocação para a 34ª Jornada Fotográfica - Morro da Bandeira


A última jornada do ano acontecerá nos próximos dias 07 e 08 de dezembro. Será, como nos anos anteriores (2012 na Ilha do Rodeadouro e 2013 na Ilha da Amélia) um acampamento numa ilha da região. Dessa vez, a escolhida foi a ilha conhecida como Morro da Bandeira (na verdade uma ilha apenas quando o nível da água está muito baixo), situada em frente às Dunas do Velho Chico em Casanova (BA).

As Dunas do Velho Chico, para quem ainda não conhece, ficam à 108Km de Petrolina e são um lugar onde dunas de areia branca na margem do rio compõem um cenário de uma legítima praia de água doce. A água é fresca, o rio é raso e o banho é perfeito. Na ilha, que fica bastante próxima da orla, o sossego é total é há uma lagoa que forma cenários de grande beleza. A travessia precisará ser feita de barco pois não há outra forma de acesso.

 A ideia, como nas outras vezes, é ir no início da tarde de sábado, nos instalarmos no local com barracas e sacos de dormir, e depois fotografar a ilha no final de tarde e durante noite, além da manhã do dia seguinte. Naturalmente, vamos organizar um churrasco para a noite do sábado, se possível com boa música ao vivo tocada por algum jornadeiro e cervejas geladas para embalar a conversa e a fotografia.